Maria Stuart by Friedrich Schiller

Maria Stuart by Friedrich Schiller

Author:Friedrich Schiller [Schiller, Friedrich]
Language: por
Format: epub
Tags: Peça Teatral
Publisher: eBooksBrasil
Published: 2001-02-23T03:00:00+00:00


Ato Terceiro

Entrada de um parque. Ao fundo, árvores. Mais ao fundo, uma paisagem longínqua.

Cena I

(Maria, entrando precipitadamente por entre as árvores. Ana Kennedy vem seguindo-a.)

ANA — Correis como se tivésseis asas, não posso vos seguir. Esperai...

MARIA — Deixa-me gozar esta liberdade, deixa-me ser criança; sê criança também. Deixa-me pisar a verde relva com o meu passo ágil e ligeiro. Escapei da minha sombria prisão? Já não me sepulta esse frio cárcere? Deixa-me aspirar inebriada este ar puro, este ar livre!

ANA — Minha querida lady! A vossa prisão alargou um pouco, mas se não vêdes os seus muros é porque a densa folhagem das árvores os esconde.

MARIA — Oh, abençoado esse arvoredo amigo que me veda os muros da prisão! Quero pensar que estou livre e que sou feliz. Para que me arrancar essa doce ilusão? Não vejo sobre a minha cabeça a abóboda celeste? O olhar, liberto, atravessa o espaço infinito. Lá longe, onde se erguem aquelas montanhas sombrias e coroadas de nuvens, começam as fronteiras do meu reino. Essas nuvens que o vento leva para o sul vão pairar sobre o mar distante e sobre a terra de França... Nuvens ligeiras, auras velozes... ai! se pudesse voar, navegar convosco! Saudai em meu nome a terra da minha infância! Estou presa, condenada! Ai de mim, não tenho outros mensageiros. É livre o vosso caminho através do espaço e não estão sujeitos a essa rainha!

ANA — Ah, querida lady, tornai-vos louca com esta liberdade que por tanto tempo vos foi negada!

MARIA — Lá ao longe, um pescador conduz seu barquinho... Esse ínfimo instrumento poderia me levar rapidamente a países estrangeiros! Bem miserável é o que ganha o pescador, todavia eu enche-lo-ia de tesouros, cairia a fortuna nas suas redes se me levasse na sua canoa salvadora!

ANA — Sonho vão! Não vêdes que cem espiões vos seguem? Uma ordem cruel afasta de vós todo o coração que bata com piedade.

MARIA — Não, minha boa Ana. Não se abriram inutilmente as portas do meu cárcere, acredita-me. Este pequeno favor prediz-me um grande bem... Eu não me engano... Devo-a ao amor, reconheço nele o poderoso auxílio de Leicester. Pouco a pouco a minha prisão alargar-se-á. A uma pequena liberdade seguirá outra maior, até que chegue o dia em que as minhas algemas serão quebradas.

ANA — Pobre de mim, que não consigo explicar esta contradição! Ontem anunciavam-vos a morte, hoje concedem-vos a liberdade. Aqueles a quem se vai dar uma liberdade eterna, costuma-se, segundo tenho ouvido falar, tirar as algemas antes de os tirar do cárcere.

MARIA — Estás ouvindo uma trompa de caça? Estás ouvindo no bosque os latidos das matilhas? Oh! se eu pudesse montar a cavalo e reunir-me a esses felizes caçadores!... Estes rumores que eu tão bem conheço me trazem à memória lembranças tristes e alegres. Noutro tempo meus ouvidos eram feridos alegremente pelo tropel da caçada que soava no fundo dos bosques, além, nas altas montanhas da Escócia.



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