As Aventuras de Sherlock Holmes by Arthur Conan Doyle

As Aventuras de Sherlock Holmes by Arthur Conan Doyle

Author:Arthur Conan Doyle [Doyle, Conan Arthur]
Format: epub
Publisher: Mirax
Published: 2010-06-23T03:00:00+00:00


— HOLMES — disse uma manhã quando olhava a rua de nossa janela arredondada — tem um louco passando na rua. É uma lástima que a família dele o deixe sair sozinho. Meu amigo levantou-se preguiçosamente da poltrona onde reclinava e ficou junto de mim, com as mãos nos bolsos do roupão, olhando sobre meu ombro. Era uma manhã

brilhante de fevereiro, fria e seca,, e a neve do dia anterior ainda cobria o chão reluzindo à luz do sol de inverno. No meio da Rua Baker havia sido mastigada pelos carros, formando uma massa escura, lamacenta, mas dos dois lados da rua e ao longo dos caminhos amontoava-se em flocos cintilantemente brancos. A calçada cinzenta havia sido limpa e raspada, mas ainda estava perigosamente escorregadia e poucas pessoas se haviam aventurado a sair. Na verdade, ninguém vinha andando da direção da Estação Metropolitana exceto esse único cavalheiro cuja conduta excêntrica atraíra minha atenção.

Era um homem de seus cinqüenta anos, alto, cheio de corpo e imponente, com um rosto maciço, de feições acentuadas. Estava vestido em estilo sóbrio mas luxuoso, com uma sobrecasaca preta, chapéu reluzente, polainas marrons e calças cinzento-pérola muito bem talhadas. Mas seus gestos eram um contraste absurdo com a dignidade de suas roupas e feições, pois estava correndo aos arrancos, dando pulinhos de vez em quando, como um homem cansado que não está habituado a usar as pernas. Enquanto corria dessa maneira irregular, sacudia as mãos e a cabeça e contorcia o rosto em caretas extraordinárias.

— O que há com esse homem? — perguntei. — Está

olhando o número das casas.

— Acho que está vindo para cá — disse Holmes, esfregando as mãos.

— Aqui?

— Sim. Creio que vem me consultar profissionalmente. Estou reconhecendo os sintomas. Ali! Não disse? —

Enquanto falava, o homem chegou ofegante à nossa porta e tocou a campainha com tal força que a casa toda ressoou o clangor.

Poucos instantes depois estava em nossa sala, ainda ofegante e gestículando ainda, mas com um olhar tão triste e desesperado que nossos sorrisos morreram e ficamos cheios de horror e compaixão. Levou um tempo para conseguir falar, balançando o corpo e puxando os cabelos, como alguém que tivesse alcançado o limite de suas forças e estivesse prestes a ter um colapso. De repente, ficando em pé, bateu com a cabeça contra a parede com tanta força que ambos corremos para ele e o arrastamos para o centro da sala. Sherlock Holmes o empurrou na poltrona e, sentando a seu lado, deu pancadinhas; em si a mão e falou com ele em voz calma e suave, que sabia tão bem empregar.

— Veio aqui me contar sua história, não foi? - disse. —

Está muito cansado, veio tão depressa. Procure descansar um pouco e recobrar o fôlego e depois terei muito prazer em estudar qualquer problema que tenha para me contar. O homem ficou sentado por um minuto ou mais respirando fundo e procurando conter a emoção. Depois passou o lenço na testa, comprimiu os lábios e virou de frente para nós.



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